segunda-feira, 31 de maio de 2021

(Fundamental V) Crônica - O come e não engorda (Português)

   ORIENTAÇÕES DA ATIVIDADE:

  Olá estudantes,

Esta semana vamos praticar o nosso conhecimento sobre crônica a partir de um texto do Autor Luís Fernando Veríssimo, após responda a atividade que esta no link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSebRPjFn00wPLZH4Exh0vadpW92Z3ZVMhh-NVgj_S5v3-optw/viewform?authuser=1

Grande abraço e se cuidem,

Professor Jorge Xavier


CRÔNICA: O COME E NÃO ENGORDA

 

Ninguém é mais admirado ou invejado do que o come e não engorda. Você o conhece. É o que come o dobro do que nós comemos e tem metade da circunferência e ainda se queixa:

- Não adianta. Não consigo engordar.

O come e não engorda é meu ídolo. Só não lhe peço autógrafo por inibição. Meu sonho é emagrecer e depois nunca mais engordar, por mais que tente. Quando eu diminuir, quero ser um come e não engorda.

        Não se deve confundir o come e não engorda com o enfastiado. Este pertence a outra espécie. Não é humano. Pode até ser melhor do que nós, um aperfeiçoamento, mas não é humano. Afinal, o que une a humanidade é o seu apetite comum. Não é por nada que partilhar da comida com o próximo tem sido símbolo de concórdia desde as primeiras cavernas. Até hoje as conferências de paz se fazem em volta de uma mesa onde a comida, se não está presente, está implícita. Desconfie do enfastiado. Ele será um agente de outra galáxia ou um poço de perversões, ou as duas coisas. De qualquer maneira, mantenha-o longe das crianças. Quando encontrar alguém na frente de um prato cheio só emparelhando as ervilhas com a ponta da faca, notifique os órgãos de segurança. É um enfastiado e pode ser perigoso. Sempre achei que as pessoas que comem como um passarinho deviam ser caçadas a bodoque. O seu fastio, inclusive, é um escárnio aos que querem comer e não podem.

        Já o come e não engorda compartilha do nosso apetite, só não compartilha das consequências. Ele repete a massa e não tem remorso. Pede mais chantilly e sua voz não treme. Molha o pão no café com leite! E ainda se queixa:

        - Há 15 anos tenho o mesmo peso.

        O come e não engorda só parou de mamar no peito porque proibiram sua mãe de ficar junto no quartel. Quando o come e não engorda nasceu, uma estrela misteriosa apareceu no Guide Michelin de restaurantes para aquele ano. O come e não engorda caminha sobre a sauce béarnaise e não afunda. Multiplica os filés de peixe à meuniére e os pães de queijo. Por onde o come e não engorda passa, as ovelhas se atiram para trás e pedem “me assa!”. O come e não engorda tem o segredo da Vida e da Morte e, suspeita-se, o telefone da Bruna Lombardi. E ainda se queixa:

        - Tenho que tomar quatro milk-shakes entre as refeições. Dieta.

        Dieta! E você ali, de olho arregalado.

 

Fonte: VERISSIMO, Luís Fernando. A mesa voadora. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. P. 21-22.

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