ORIENTAÇÕES DA ATIVIDADE:
Olá estudantes,
Grande abraço e se cuidem,
Professor Jorge Xavier
Você
sabe o que é pista pesada? É quando a pista de areia – ou seria saibro?
– está molhada, tornando mais difícil e cansativa a corrida.
Pois
bem, a crônica corre em pista pesada porque lida ao mesmo tempo com as coisas
mais ásperas, como economia e política, as mais dramáticas, como guerras,
violência e tragédia, e as mais poéticas, como um momento de beleza ou uma reflexão
sobre a vida. E o bom cronista é aquele que consegue o melhor equilíbrio entre
esses elementos tão diferentes, entrelaçando-os e alternando-os com harmonia.
Pode
parecer que o cronista faz biscoitos, ou seja, coisinhas pequenas com algum
açúcar por cima. Mas, na verdade, a crônica é uma tessitura complexa.
Pois
o cronista sabe que não está escrevendo só naquele momento, naquele dia, para
aquela rápida publicação no jornal ou revista, mas está falando para um leitor
que, na maioria das vezes, voltará a ele, que o acompanhará, somando dentro de
si as crônicas lidas e vivendo-as, no seu todo, como uma obra maior.
O
leitor tem expectativas em relação ao “seu” cronista. Espera que diga aquilo
que ele quer ouvir, e que, ao mesmo tempo, o surpreenda. Mas o cronista
desconhece essas expectativas e, ao contrário do publicitário que trabalha
voltado para o perfil do cliente potencial, trabalha às cegas.
Às
cegas em relação ao leitor, bem entendido. Como preencher então as
expectativas? Eu, pessoalmente, acho que a melhor maneira é não pensando nelas.
O leitor escolhe o cronista porque gosta do seu jeito de pensar e de escrever,
e o cronista justifica mais plenamente essa escolha continuando a ser quem ele
é.
Eu
comecei a fazer crônicas quando muito jovem, logo no início da minha carreira
de jornalista. Mudei bastante ao longo do percurso. Antes era movida à emoção,
escrevia de um jato, qualquer assunto me servia. Hoje sou mais reflexiva,
afinei o olhar, preocupo-me muito com a qualidade das ideias. Mas aquela paixão
que eu tinha no princípio continua igual. Hoje como ontem, toda vez que me
sento para escrever uma crônica é com alegria.
Fonte: COLASANTI, Marina. A casa das
palavras e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2006. P. 5-6. (Para gostar
de ler, 32).
O GÊNERO CRÔNICA:
Ao texto que tem como principal característica
o registro de fatos do cotidiano com um olhar também literário chamamos
crônica. O termo origina-se da palavra grega khrónos, que significa
tempo. De khrónos veio chronikós, que tem o sentido de que se
relaciona ao tempo. A crônica ainda mantém essa relação com a ideia de tempo.
Como diz Marina Colasanti, a crônica tem um pé
no jornalismo e outro na literatura. Ela aborda fatos reais do dia a dia, que
são publicados nos jornais, mas também apresenta uma visão de mundo ficcional e
artística, própria da literatura.
CARACTERÍSTICAS DA CRÔNICA:
Atualmente, a crônica costuma ser publicada em
jornais, em revistas e na internet. Ela tem como principal intenção provocar no
leitor uma reflexão sobre os fatos da vida e sobre o comportamento humano, de
forma descontraída e bem-humorada.
A linguagem utilizada tende a ser informal. O
narrador pode contar os fatos como observador ou mesmo como personagem. Por
isso, a história pode ser apresentada em 1ª ou em 3ª pessoa.
Outra característica das crônicas é a presença
de palavras e expressões que marcam o tempo, as quais orientam o leitor a
respeito do momento em que ocorreram os fatos narrados.
O cronista expõe no texto seu ponto de vista,
sua opinião ou interpretação sobre o acontecimento que está apresentando. Em
sua maioria, as crônicas são textos curtos e leves, de leitura agradável.
Muitos escritores brasileiros escreveram
crônicas: Machado de Assis, Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Drummond de
Andrade, Vinicius de Moraes e Moacir Sclyar, entre outros.
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