quinta-feira, 10 de junho de 2021

(Módulo 3 A e B) 2ª Fase do Modernismo (Português)

 ORIENTAÇÕES DA ATIVIDADE:

  Olá estudantes,
Vamos estudar esta semana a segunda fase do Modernismo no Brasil. Após estudar o material disponibilizado, vamos ler um poema produzido pelo grande poeta deste período, Vinicius de Moraes. Depois faça uma pequena atividade que consiste em escolher o trecho do poema que mais lhe chamou atenção e explique porquê. Bons Estudos!!!

Grande abraço e se cuidem,

Professor Jorge Xavier


SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - 2.ª FASE DO MODERNISMO

 


segunda geração modernista ou segunda fase do modernismo representa o segundo momento do movimento modernista no Brasil que se estende de 1930 a 1945. Chamada de “Geração de 30”, essa fase foi marcada pela consolidação dos ideais modernistas, apresentados na Semana de 1922. Lembre-se que esse evento marcou o início do Modernismo rompendo com a arte tradicional.

A publicação Alguma Poesia (1930) de Carlos Drummond de Andrade marcou o início da intensa produção literária poética desse período. Na prosa, temos a publicação do romance regionalista A Bagaceira (1928) do escritor José Américo de Almeida.

 

Resumo da segunda fase do modernismo

Para muitos estudiosos do tema, a segunda geração modernista representou um período muito fértil e rico para a literatura brasileira.Também chamada de “Fase de Consolidação”, a literatura brasileira estava vivendo uma fase de maturação, com a concretização e afirmação dos novos valores modernos. Além da prosa, a poesia foi um grande foco dos literatos. Temas nacionais, sociais e históricos foram os preferidos pelos escritores dessa fase.

 

Contexto histórico da segunda fase do modernismo

A segunda fase do modernismo no Brasil surgiu num contexto conturbado. Após a crise de 1929 em Nova York, (depressão econômica) muitos países estavam mergulhados numa crise econômica, social e política. Isso fez surgir diversos governos totalitários e ditatoriais na Europa, os quais levariam ao início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Além do aumento do desemprego, a falência de fábricas, a fome e miséria, no Brasil os anos 30  foi marcado por um golpe de estado. O presidente da República Washington Luís foi deposto, impedindo assim, a posse do presidente eleito Júlio Prestes.

Foi o início da Era Vargas e o fim das Oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, denominado de "política do café com leite". Com a chegada de Getúlio ao poder, a ditadura no país também se aproximava com o Estado Novo (1937-1945).

 

Características da segunda fase do modernismo

As principais características dessa fase foram:

  • Influência do realismo e romantismo, escolas literárias passadas;
  • Nacionalismo, universalismo e regionalismo;
  • Realidade social, cultural e econômica;
  • Valorização da cultura brasileira;
  • Influência da psicanálise de Freud;
  • Temática cotidiana e linguagem coloquial;
  • Uso de versos livres e brancos.

 

A prosa de 30 na segunda fase do modernismo

Nessa fase, o grande foco da prosa de ficção foram os romances regionalistas e urbanos. Preocupados com os problemas sociais, a prosa dessa fase se aproximou da linguagem coloquial e regional. Assim, ela mostrou a realidade de diversos locais do país, ora no campo, ora na cidade.

 

Principais autores e obras da prosa de 30

1. José Américo de Almeida (1887-1980)

José Américo de Almeida é o autor do romance regionalista A Bagaceira (1928), marco inicial da prosa de 30. Nessa obra, ele relata o tema da seca e da vida de retirantes.

2. Graciliano Ramos (1892-1953)

Graciliano Ramos se destacou na prosa regionalista com seu romance Vidas Secas (1938). Nele, aborda diversos aspectos do sertanejo e problemas como a seca do Nordeste, a fome e a miséria dos retirantes.

3. Jorge Amado (1912-2001)

Jorge Amado foi importante no desenvolvimento da prosa regionalista e urbana com seus romances:

  • O País do Carnaval (1931): relata a vida de um intelectual brasileiro e suas considerações sobre o Carnaval e o tema da mestiçagem.
  • Cacau (1933): ambientados na fazenda de cacau no sul da Bahia, relata a vida e exploração dos trabalhadores.
  • Capitães de Areia (1937): romance urbano que retrata a vida de meninos abandonados em Salvador.

4. Rachel de Queiroz

Rachel de Queiroz (1910-2003) publica em 1930 seu romance intitulado O Quinze em que aborda sobre uma das maiores secas que assolou o Nordeste em 1915.

5. José Lins do Rego (1901-1957)

José Lins do Rego publica em 1932 seu romance Menino de Engenho. Ambientada nos engenhos nordestinos, aborda a temática do ciclo de açúcar no Brasil.

Veja mais sobre o tema em: Romance de 30.

 

A poesia de 30 na segunda fase do modernismo

O melhor momento da poesia brasileira aconteceu na segunda fase do modernismo e que ficou conhecido com a Poesia de 30. Ele se caracteriza pela abrangência temática em virtude da racionalidade e questionamentos que norteavam o espírito dessa geração.

 


Principais autores e obras da poesia de 30

1.Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Carlos Drummond de Andrade foi o precursor da poesia de 30 e, sem dúvida, um dos maiores representantes com destaque para sua obra Alguma Poesia, publicada em 1930.

2. Cecília Meireles (1901-1964)

Com forte influência da psicanálise e da temática social, Cecília Meireles é considerada uma das maiores poetisas brasileiras. Desse período destacam-se as obras: Batuque, samba e Macumba (1933), A Festa das Letras (1937) e Viagem (1939).

3. Mario Quintana (1906-1994)

Chamado de “poeta das coisas simples”, Mário Quintana possui uma vasta obra poética. Desse período merece destaque seu livro de sonetos intitulado A Rua dos Cataventos, publicado em 1940.

 

 

4. Murilo Mendes (1901-1975)

Além de poeta, Murilo Mendes foi destaque na prosa de 30. Atuou como divulgador das ideias modernistas na revista criada na primeira fase modernista Antropofagia. De sua obra poética merece destaque: Poemas (1930), Bumba-Meu-Poeta (1930), Poesia em Pânico (1938) e O Visionário (1941).

5. Jorge de Lima (1893-1953)

Chamado de “príncipe dos poetas”, Jorge de Lima foi escritor e artista plástico. Na poesia de 30 colaborou com as obras Poemas (1927), Novos Poemas (1929) e O Acendedor de Lampiões (1932).

6. Vinícius de Moraes (1913-1980)

Vinícius de Moraes foi outro grande destaque da poesia de 30. Compositor, diplomata, dramaturgo e poeta, publica em 1933 seu primeiro livro de poemas Caminho para a Distância e, em 1936, seu longo poema: Ariana, a mulher.

 

Fonte: Toda Matéria (Site)


 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO – Operário em Construção - Vinícius de Moraes

 

Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas

Ele subia com as asas

Que lhe brotavam da mão.

Mas tudo desconhecia

De sua grande missão:

Não sabia por exemplo

Que a casa de um homem é um templo

Um templo sem religião

Como tampouco sabia

Que a casa que ele fazia

Sendo a sua liberdade

Era a sua escravidão.

 

De fato como podia

Um operário em construção

Compreender porque um tijolo

Valia mais do que um pão?

Tijolos ele empilhava

Com pá, cimento e esquadria

Quanto ao pão, ele o comia

Mas fosse comer tijolo!

E assim o operário ia

Com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui

Adiante um apartamento

 

Além uma igreja, à frente

Um quartel e uma prisão:

Prisão de que sofreria

Não fosse eventualmente

Um operário em construcão.

Mas ele desconhecia

Esse fato extraordinário:

Que o operário faz a coisa

E a coisa faz o operário.

De forma que, certo dia

À mesa, ao cortar o pão

O operário foi tomado

De uma subita emoção

Ao constatar assombrado

Que tudo naquela mesa

– Garrafa, prato, facão

Era ele quem fazia

Ele, um humilde operário

Um operário em construção.

Olhou em torno: a gamela

Banco, enxerga, caldeirão

Vidro, parede, janela

Casa, cidade, nação!

Tudo, tudo o que existia

Era ele quem os fazia

Ele, um humilde operário

Um operário que sabia

Exercer a profissão.

 

Ah, homens de pensamento

Nao sabereis nunca o quanto

Aquele humilde operário

Soube naquele momento

Naquela casa vazia

Que ele mesmo levantara

Um mundo novo nascia

De que sequer suspeitava.

O operário emocionado

Olhou sua propria mão

Sua rude mão de operário

De operário em construção

E olhando bem para ela

Teve um segundo a impressão

De que não havia no mundo

Coisa que fosse mais bela.

 

Foi dentro dessa compreensão

Desse instante solitário

Que, tal sua construção

Cresceu também o operário

Cresceu em alto e profundo

Em largo e no coração

E como tudo que cresce

Ele nao cresceu em vão

Pois além do que sabia

– Excercer a profissão –

O operário adquiriu

Uma nova dimensão:

A dimensão da poesia.

 

E um fato novo se viu

Que a todos admirava:

O que o operário dizia

Outro operário escutava.

E foi assim que o operário

Do edificio em construção

Que sempre dizia “sim”

Começou a dizer “não”

E aprendeu a notar coisas

A que nao dava atenção:

Notou que sua marmita

Era o prato do patrão

Que sua cerveja preta

Era o uisque do patrão

Que seu macacão de zuarte

Era o terno do patrão

Que o casebre onde morava

Era a mansão do patrão

Que seus dois pés andarilhos

Eram as rodas do patrão

Que a dureza do seu dia

Era a noite do patrão

Que sua imensa fadiga

Era amiga do patrão.

 

 

 

E o operário disse: Não!

E o operário fez-se forte

Na sua resolução

 

Como era de se esperar

As bocas da delação

Comecaram a dizer coisas

Aos ouvidos do patrão

Mas o patrão não queria

Nenhuma preocupação.

– “Convençam-no” do contrário

Disse ele sobre o operário

E ao dizer isto sorria.

 

Dia seguinte o operário

Ao sair da construção

Viu-se súbito cercado

Dos homens da delação

E sofreu por destinado

Sua primeira agressão

Teve seu rosto cuspido

Teve seu braço quebrado

Mas quando foi perguntado

O operário disse: Não!

 

Em vão sofrera o operário

Sua primeira agressão

Muitas outras seguiram

Muitas outras seguirão

Porém, por imprescindível

Ao edificio em construção

Seu trabalho prosseguia

E todo o seu sofrimento

Misturava-se ao cimento

Da construção que crescia.

 

Sentindo que a violência

Não dobraria o operário

Um dia tentou o patrão

Dobrá-lo de modo contrário

De sorte que o foi levando

Ao alto da construção

E num momento de tempo

Mostrou-lhe toda a região

E apontando-a ao operário

Fez-lhe esta declaração:

– Dar-te-ei todo esse poder

E a sua satisfação

Porque a mim me foi entregue

E dou-o a quem quiser.

Dou-te tempo de lazer

Dou-te tempo de mulher

Portanto, tudo o que ver

Será teu se me adorares

E, ainda mais, se abandonares

O que te faz dizer não.

 

Disse e fitou o operário

Que olhava e refletia

Mas o que via o operário

O patrão nunca veria

O operário via casas

E dentro das estruturas

Via coisas, objetos

Produtos, manufaturas.

Via tudo o que fazia

O lucro do seu patrão

E em cada coisa que via

Misteriosamente havia

A marca de sua mão.

E o operário disse: Não!

 

– Loucura! – gritou o patrão

Nao vês o que te dou eu?

– Mentira! – disse o operário

Não podes dar-me o que é meu.

 

 

 

E um grande silêncio fez-se

Dentro do seu coração

Um silêncio de martirios

Um silêncio de prisão.

Um silêncio povoado

De pedidos de perdão

Um silêncio apavorado

Com o medo em solidão

Um silêncio de torturas

E gritos de maldição

Um silêncio de fraturas

A se arrastarem no chão

E o operário ouviu a voz

De todos os seus irmãos

Os seus irmãos que morreram

Por outros que viverão

Uma esperança sincera

Cresceu no seu coração

E dentro da tarde mansa

Agigantou-se a razão

De um homem pobre e esquecido

Razão porém que fizera

Em operário construido

O operário em construção


Fonte: https://www.portalsaofrancisco.com.br/obras-literarias/operario-em-construcao

 

ATIVIDADE

Atividade


 
Escolha o trecho do poema que mais lhe chamou atenção e explique porquê.

 

            

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